terça-feira, 13 de maio de 2008

JAC (Jornalismo Assistido por Computador)

A noção inglesa de CAJ, Computer Assisted Journalism ou, em português, Jornalismo assistido por Computador é um dos conceitos mais antigos de estudo do Jornalismo associado à tecnologia e Internet. Este traduz as inovações e alterações que o computador veio trazer ao Jornalismo nas suas diferentes vertentes, na recolha de notícias, no respectivo tratamento e difusão.


A introdução da informática no jornalismo veio facilitar em larga escala a maneira de trabalhar, por exemplo, no simples acto de escrever (artigos, notícias, etc.). Trocando o computador pela máquina de escrever tornou-se possível reescrever, apagar, substituir ou acrescentar texto sem qualquer dificuldade e muito rapidamente. Esta associação aos computadores também permitiu recuperar antigos documentos guardados no disco, usando-os em novos artigos, podendo assim recorta-los, cita-los e copia-los para os novos.


Mas apesar de esta gigantesca mudança que os computadores trouxeram à vida de qualquer jornalista, o JAC trouxe ainda mais benefícios. Estes surgem quando o jornalista pode servir-se do computador para organizar a informação e sobretudo através da gestão dessa informação mediante programas de base de dados e de estatística, com a utilização de programas de agenda e de folhas de cálculo.

O JAC aplica-se a todas as áreas de jornalismo. Por exemplo, no jornalismo de investigação, o computador estabelece-se como uma ferramenta indispensável para recolher informação, organizá-la sob diferentes parâmetros, por fontes, locais, datas, conteúdos, e confrontá-la com outras informações, em jeito de prova, reforçando ou contradizendo outras notícias. O jornalismo assistido por computador também permite um armazenamento multimédia, ou seja, permite guardar vídeos, sons, fotografias, e gerir também estes dados de maneira idêntica à que faz com os textos


Porém, esta nova fonte de benefícios, não trouxe apenas auxílios. Segundo Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior, esta abertura para a de informação pode trazer alguns perigos: qualquer pessoa pode comentar, escrever e publicar o que pensa, logo há uma propagação de opiniões, a maior parte delas diferenciadas, algumas falsas e sem fundamento, que podem gerar grande controvérsia. Este crescente número de informação dificulta a capacidade de filtrar o que realmente interessa e de avaliar o que é de confiança.


Para este problema, já existem organizações que promovem este conceito de “filtrar” informação, nomeadamente, o NICAR (National Institute for Computer-Assisted Reporting) e o DICAR (Danish International Center for Analytical Reporting), promovendo unicamente o uso do JAC na recolha de informação. O computador é visto, sobretudo, como ferramenta de trabalho do jornalista na sua actividade de reportagem e não como ponto de difusão de notícias.


O JAC é hoje em dia usado na profissão para algo imprescindível nos dias de hoje para um jornalista, mas também para algo que seria impensável há alguns (poucos) anos atrás na mesma profissão: receber notícias directamente das agências noticiosas, buscar informação na Internet é algo banal que um computador permite. Trivialidade essa que, no entanto, altera inteiramente, a forma de investigar, tratar e redigir as notícias.


Para aprofundar o seu conhecimento sobre o JAC pode procurar:

- A História do conceito de JAC (capítulo "Computers and Journalism");

- Uma explicação de CAR, em powerpoint feita pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo;

- Um artigo em pdf sobre CAR sobre a influência dos EUA nas metodologias originais do CAR, elaborado por Stephen Lamble;

- Um artigo da TIME sobre a evolução do Jornalismo

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